Mineralização de bovinos no Brasil:

 
  

Entre os fatores responsáveis pela baixa produtividade do rebanho bovino brasileiro, as deficiências minerais ocupam lugar de destaque. A diminuição da taxa de crescimento, a baixa eficiência reprodutiva e a redução da produção de carne e/ou leite são algumas conseqüências da carência de nutrientes, principalmente minerais.
Acredita-se que não existe outro fator isolado com potencial tão elevado como a suplementação mineral adequada para aumentar os índices de produtividade de bovinos, criados no, pasto, a um custo relativamente baixo.
Convém salientar que existem resultados de pesquisas em países tropicais, comprovando que apenas a administração de uma boa mistura mineral, para bovinos criados no pasto, foi capaz de proporcionar aumentos da ordem de 20% a 50% na taxa de natalidade, de 20% a 30% na taxa de ganho de peso e redução significativa dos índices de doenças e de mortalidade nos rebanhos.
Os resultados de um experimento de suplementação mineral da Embrapa Cerrados, conduzido numa fazenda do município de Padre Bernardo, GO, com bovinos da desmama ao abate, comparando os efeitos de várias misturas minerais em relação à testemunha que recebia mistura mineral sem fósforo, demonstraram os benefícios da suplementação de fósforo. No fim do experimento, o peso médio dos animais que receberam mistura mineral com fósforo foi 120kg superior ao peso médio dos animais que não receberam fósforo. Os resultados da relação custo/ benefício indicaram que, para cada cem dólares investidos, houve um prejuízo de 30 dólares para o tratamento sem fósforo, e um retorno líquido de 20 dólares para o tratamento à base de mistura mineral com fósforo, durante todo ano.
As deficiências minerais podem ocorrer em diversos graus de intensidades, desde deficiências mais ou menos características até deficiências leves ou subclínicas, com sintomas não específicos como diminuição da taxa de crescimento, baixa eficiência reprodutiva e redução de carne e leite. Perda de peso, anormalidades na pele, aborto não infeccioso, diarréia, anemia, perda de apetite, anormalidades ósseas, tetania, baixa fertilidade e apetite depravado são sinais clássicos, que freqüentemente, indicam deficiências minerais.


Funções e sintomas de deficiências dos minerais essenciais para os bovinos:

No organismo animal, são encontrados cerca de 40 minerais diferentes, mas somente 15 são considerados essenciais, ou seja, dos quais já se conhece pelo menos uma função essencial no metabolismo animal.
Os minerais que aparecem em maiores concentrações no organismo são chamados macro elementos e os que aparecem em concentrações diminutas, micro elementos. Isso se reflete nas quantidades que devem estar presentes na dieta.
Os macro elementos essenciais aos bovinos são: fósforo, cálcio, magnésio, potássio, sódio, cloro, e enxofre; e os micro elementos são: cobalto, cobre, cromo, estanho, ferro, flúor , iodo, manganês, molibdênio, níquel, selênio, silício, vanádio e zinco.-
Não é necessário suplementar todos os minerais essenciais, pois os alimentos usualmente consumidos pelos bovinos os contêm em quantidades suficientes. Os minerais a suplementar são aqueles sabidamente deficientes nas pastagens do país, a saber: fósforo, cálcio, magnésio, potássio, sódio, cloro e enxofre; e os microelementos são: cobalto, cobre, cromo, estanho, ferro, iodo, manganês, selênio e zinco. Alguns estudos sugerem que, em algumas situações muito restritas, a suplementação com cromo e níquel pode ser benéfica para bovinos de corte.

MACROELEMENTOS: 

Cálcio e Fósforo: cálcio e fósforo são discutidos em conjunto, pois estão intimamente associados ao metabolismo animal. O cálcio é o mineral mais abundante no organismo. Um bovino pesando cerca de 300kg apresenta, aproximadamente, 3,3kg de cálcio e 2kg de fósforo, dos quais 99% e 80%, respectivamente estão presentes nos ossos.
O cálcio é essencial para a formação e manutenção dos ossos e dentes, produção de leite, contração muscular, transmissão dos impulsos nervosos e a coagulação sanguínea. A utilização do cálcio pelo organismo é influenciada pelo teor de fósforo na dieta, pela vitamina D e por certos hormônios.
Uma pesquisa concluída recentemente sobre o problema da vaca caída, no Mato Grosso do Sul, concluiu que a deficiência de cálcio nas pastagens pode ser um dos fatores responsáveis por um distúrbio conhecido como "vaca caída", que é responsável por milhões de reais em prejuízo para a pecuária nacional. Essa deficiência pode ocorrer também em animais criados em confinamento, recebendo rações a base de grãos. Contudo, no caso de vacas leiteiras de alta produção, o cálcio deve receber maior atenção, devido ao manejo alimentar peculiar. Normalmente, a alimentação dessas vacas é suplementada com concentrado, cujos ingredientes são ricos em fósforo e pobres em cálcio. Dependendo da quantidade de concentrado ingerida por animal, pode ser necessária a inclusão de uma fonte de cálcio na dieta. 
O fósforo é o segundo elemento mineral mais abundante no organismo, constituindo cerca de 1% do peso de um animal.Trata-se de um mineral essencial para um bom ganho de peso e eficiente utilização do alimento, sendo necessário em grandes quantidades para a formação dos músculos. Para os ruminantes o fósforo é essencial às bactérias do rúmen, especialmente para as que digerem a celulose. A utilização do fósforo pelo organismo animal é influenciada por uma série de fatores, como fonte de fósforo, relação cálcio fósforo, níveis de proteína na dieta, idade, sexo, hormônios, doenças e parasitas, meio ambiente e, ainda, interações com outros minerais. Nos sistemas de criações extensivas de bovinos, praticamente em todo o mundo, o fósforo é o mineral mais deficiente na dieta, uma vez que as forragens não conseguem suprir esse elemento em níveis adequados para a manutenção da saúde e do bom desempenho reprodutivo e produtivo do rebanho.
Na época da seca, quando as forragens amadurecem e secam, a deficiência de fósforo se agrava porque, após a floração, há um processo de transferência do fósforo da parte aérea da planta para as sementes, que caem no solo.A diminuição do apetite, parece ser o primeiro sintoma clínico da deficiência de fósforo. A maioria dos animais afetados por essa deficiência manifesta depravação do apetite, passando a ingerir terra, pedra, madeira, ossos, pêlos, e outros materiais.
Além disso, os animais deficientes apresentam ossos frágeis, fraqueza generalizada, taxa de crescimento reduzida, perda de peso, decréscimo na produção de leite, considerável redução dos índices de fertilidade e conseqüente redução da taxa de natalidade do rebanho, isto é, menor quantidade de bezerros nascidos.
Várias pesquisas realizadas no Brasil e no mundo têm registrado um aumento da ordem de 20% a 50% na taxa de natalidade de bovinos criados em campo, somente com a suplementação de fósforo.

Sódio e Cloro: o valor do sal comum (cloreto de sódio) para o homem e para os animais domésticos é reconhecido desde os tempos bíblicos. O sódio e o cloro exercem papel fundamental na manutenção da pressão osmótica, controlando a passagem de nutrientes para dentro das células, no equilíbrio ácido básico e no controle do metabolismo da água.O cloro faz parte do suco gástrico na forma de ácido clorídrico.
De modo geral, as pastagens possuem níveis muito baixos de sódio e cloro. As necessidades orgânicas desses dois elementos devem ser atendidas constantemente pela dieta, devido à limitação da capacidade de armazenamento dos animais.Uma deficiência mais prolongada de sódio pode resultar em perda de apetite, ganho de peso abaixo do normal, emagrecimento, enfraquecimento e redução da produção de leite.

Magnésio: No organismo, o magnésio funciona intimamente associado ao cálcio e ao fósforo. É um constituinte essencial dos ossos e dos dentes, participa, como catalisador, de várias reações enzimáticas e do metabolismo dos carboidratos e dos lipídeos e, ainda, desempenha função de grande importância na atividade neuromuscular A deficiência de magnésio é mais comumente chamada de tetania das pastagens.

Potássio: o potássio é um elemento essencial à vida, participando em várias funções do organismo animal, como equilíbrio ácido-básico, vários sistemas enzimáticos, balanço hídrico e atividade muscular. No rúmen, a função desse mineral está associada com a manutenção de um meio favorável para a fermentação bacteriana, principalmente para as bactérias que digerem celulose.Os sintomas de deficiência não são muito específicos, sendo mais comum em animais confinados que recebem concentrados à base de grãos, usualmente pobres nesse mineral.

Enxofre: É um dos elementos mais abundantes na natureza e essencial para o crescimento de plantas e animais. Sua importância biológica reside no fato de ser constituinte dos aminoácidos sulfurados (metionina e cistina) e de hormônios importantes como a insulina, prolactina e oxitocina e, ainda, ser essencial para os micro organismos do rúmen.
As funções desse elemento no rúmen estão relacionadas principalmente à síntese de aminoácidos, para formar proteínas bacterianas, e de vitaminas. A deficiência de enxofre pode ocorrer na época seca do ano, quando as pastagens estão muito maduras e deficientes em proteína, ou quando o gado está recebendo uréia.


MICROELEMENTOS:

Zinco: Encontrado em altas quantidades na pele e nos pêlos.É constituinte essencial em mais de noventa enzimas que participam ativamente do metabolismo dos ácidos nucléicos, dos carboidratos e da síntese de proteínas.O zinco desempenha papel fundamental na função reprodutiva de machos e fêmeas. Dessa forma toda a função reprodutiva pode estar prejudicada pela deficiência de zinco.
Efeitos prematuros da deficiência de zinco, que ocorrem principalmente em bezerros, incluem diminuição da taxa de crescimento, alopecia (queda dos pêlos) e paraceratose (engrossamento da pele com formação de crostas escamosas, especialmente nas regiões do focinho, orelhas, pescoço , escroto, e parte de trás dos membros posteriores).

Cobre e Molibdênio: O cobre exerce importantes funções no sistema nervoso central, no metabolismo ósseo, no funcionamento de vários sistemas enzimáticos, além de ser essencial para a síntese da hemoglobina. O molibdênio é mais estudado em relação à sua toxidez, visto que, em ruminantes em pastejo, nunca foi relatada a deficiência desse mineral.
Enorme variedade de problemas e distúrbios nos animais tem sido associada a dietas deficientes em cobre. Anemia, crescimento retardado, ossos fracos, insuficiência cardíaca, diarréia e despigmentação dos pêlos e da lã são alguns sintomas clínicos apresentados por animais que recebem dietas deficientes em cobre. Durante o crescimento, os bovinos apresentam maiores exigências de cobre do que os ovinos e os animais não ruminantes. O fígado dispõe de uma reserva mobilizável de cobre. Como o leite é pobre em cobre, os bezerros em aleitamento dependem exclusivamente das reservas hepáticas obtidas por transferência da mãe, no útero. Se as vacas forem deficientes em cobre, terão bezerros com baixas reservas, o que resultará em bezerros prematuramente deficientes.
Muitas vezes, a intoxicação por cobre pode ser resultante do uso desse mineral como promotor de crescimento, principalmente para aves e suínos. O sulfato de cobre é utilizado como estimulante de crescimento, em substituição aos antibióticos, sendo excretado nas fezes. A cama de aves e o esterco de suínos, utilizados como alimento ou como adubo de pastagens, pode intoxicar os animais que deles se alimentam.

Cobalto: o cobalto é essencial para a síntese de vitamina B12 pelas bactérias do rúmen. Convém salientar que a vitamina B12 deve estar presente na dieta de todos os animais, com exceção dos ruminantes, que a sintetizam no rúmen, desde que recebam suprimento adequado de cobalto.
Os animais que são mantidos em pastagens deficientes em cobalto perdem o apetite, reduzem a taxa de crescimento, perdem peso, apresentam pêlos arrepiados e adquirem aspecto doentio. Apresentam severo definhamento muscular, apetite depravado e morrem. 
No Brasil, a deficiência de cobalto em bovinos ocorre praticamente em todas as regiões, recebendo inúmeras denominações, como mal-de-colete, peste-de-secar, mal-de-fastio, chorona, pela-rabo, rabugem e toca.

Iodo: O iodo é essencial para a síntese dos hormônios da glândula tireóide.Estes hormônios atuam na regulação do metabolismo intermediário e da temperatura, na reprodução, no crescimento, na circulação sanguínea e na função muscular.
Os sintomas da deficiência de iodo em bovinos incluem, além do bócio, a diminuição da produção de leite, a redução ou a supressão do estro, o aumento da incidência de retenção de placenta e nascimento de bezerros cegos, sem pêlos, fracos ou mortos.

Ferro e Manganês: o ferro é essencial a todas as formas de vida.Como componente da molécula de determinadas substâncias (hemoglobina, mioglobina, citocromo) e sistemas enzimáticos está diretamente envolvido no transporte de oxigênio e na respiração celular.O manganês é essencial para a estrutura normal dos ossos e para o bom funcionamento do sistema nervoso central, além de exercer papel muito importante na reprodução.
A deficiência de ferro raramente ocorre em ruminantes adultos.A deficiência é mais comum em animais lactentes porque o leite é muito pobre em ferro. Todavia, em casos severos de perda de sangue, por hemorragia crônica ou parasitismo, a deficiência desse elemento pode ocorrer, resultando em anemia.
A deficiência de manganês pode acarretar sérios distúrbios reprodutivos na vaca, tais como atraso de cio, fertilidade reduzida, aborto e nascimento de bezerros deformados, além de provocar vários distúrbios ósseos e crescimento retardado.

Selênio: Muito embora o potencial tóxico do selênio tenha recebido mais atenção dos nutricionistas do que sua essencialidade, já foi estabelecido com bastante segurança que o selênio tem importante função na reprodução e na prevenção de um enfermidade conhecida por doença do músculo branco, que acomete cordeiros e bezerros.Existe uma inter-relação bastante complexa entre o selênio e a vitamina E .O selênio quando administrado em quantidades adequadas, pode diminuir a incidência de retenção de placenta, em vacas , desde que não seja de origem infecciosa.


UTILIZE TÉCNICAS DE MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO.
EVITE A EROSÃO.MANTENHA OS MANANCIAIS .CONSERVE AS FONTES NATURAIS DE ÁGUA DE SUA FAZENDA.


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